quinta-feira, 21 de outubro de 2010

MOÇAMBIQUE - A CASA DO GAIATO

"Casa do Gaiato: Onde a vida renasce
É UM verdadeiro monstro no acolhimento e cuidados prestados a crianças órfãs, abandonadas e/ou desfavorecidas. Localizada no distrito de Boane, a cerca de 30 quilómetros da cidade do Maputo, a Casa do Gaiato não só é uma referência nacional no tratamento que presta a crianças carenciadas mas, segundo uma equipa de peritos da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), é um modelo único e a ser seguido em diferentes países africanos. Maputo, Quinta-Feira, 21 de Outubro de 2010:: Notícias . Criada pouco antes da independência nacional, a Casa do Gaiato viria a ser nacionalizada pelo Governo e nela empregue outros serviços públicos. O padre que fundou o centro foi novamente convidado pelo falecido Presidente Samora Machel a regressar ao país e construir tudo de novo de modo a que se prestasse a devida assistência às crianças vulneráveis. Pertença da Igreja Católica, em parceria com o Governo, todos os professores que ali leccionam são pagos pelo Ministério da Educação. A casa assegura a componente de infra-estruturas. Esta parceria é descrita como valiosa, na medida em que contribuir significativamente para que os chamados sem-tecto consigam suprir as dificuldades do dia-a-dia. É como nascer de novo. O asilo presta cuidados diários a 565 crianças e jovens de zero aos 22 anos de idade, sendo 152 em regime de internato. As restantes são externas. A Casa do Gaiato assiste ainda a outros dois mil menores espalhados em creches localizadas em diversas comunidades do distrito de Boane. O centro possui uma escola secundária que garante automaticamente a continuidade dos estudos aos petizes ali acolhidos. Neste lar, apenas os rapazes é que vivem em regime de internato e as meninas aprendem as mais diversas actividades durante o dia e à tarde recolhem para as suas casas. É daí que 356 crianças da comunidade vizinha se deslocam diariamente à Casa do Gaiato para receber assistência, sobretudo escolar.
Os menores aprendem actividades como agricultura e pecuária em extensas áreas, onde cultivam hortícolas e criam gado, produção que serve para melhorar a sua dieta alimentar. Fazem igualmente a reciclagem do lixo para a produção de peças de arte. Praticamente os menores aqui acolhidos não se conhecem e todos os dias chegam petizes de vários quadrantes deste vasto território nacional. Uns porque abandonaram voluntariamente as suas famílias por julgarem estar a sofrer maus tratos, outros porque perderam os seus progenitores, outros ainda por considerarem que pelo menos integrados nesta casa terão o que comer, ao contrário das suas próprias famílias, onde quase não têm nada para matar a fome. Igualmente estão crianças que nasceram dentro das cadeias. Como as suas mães foram condenadas a penas que ultrapassam os 20 anos de prisão e, uma vez não tendo como as alimentar, os parentes preferem entregá-las à Casa do Gaiato para serem cuidadas. Aliás, ao que apurámos, a Casa do Gaiato não pára de ser procurada, sobretudo por mães que voluntariamente pedem para deixar os seus filhos porque não têm condições para as sustentar. Assim, a Casa do Gaiato funciona como uma espécie de nova família de muitas destas crianças. Ou por outra, as crianças ali acolhidas não têm famílias e se as tem, não são referência nenhuma, porque não as garantem um futuro risonho. Com cinco dormitórios e acolhendo crianças com base no critério de idade, em cada pavilhão a responsabilidade foi entregue a duas mais velhas, que trabalham directamente com uma educadora. De nacionalidade brasileira, a irmã Quitéria Paciência Torres, há 21 anos na Casa do Gaiato, é a mãe dos milhares de petizes assistidos por este estabelecimento. Com orgulho, a irmã Quitéria Torres afirma que a Casa do Gaiato já produziu quadros que estão ao serviço do Estado, mas que entraram ali como mendigos. Actualmente possui estudantes a cursarem Estomatologia, Medicina, Contabilidade, Hotelaria e Turismo e outros ramos técnicos, isto nas cidades de Maputo, Beira, Nampula e Inhambane. “Inclusive, isto para a indústria hoteleira, temos jovens produtos desta casa a trabalhar nos melhores restaurantes, hotéis e embaixadas. A nossa aposta é que todos eles estudem, entrem na universidade e façam cursos ao seu gosto para que amanhã se afirmem como homens. Isto para dizer que a nossa prioridade é que as crianças se envolvam em actividades profissionais que elas mesmo mostrem habilidades de singrar”, disse. Este bebé virou símbolo da Casa do GaiatoBEBÉ DE DOIS DIAS E OS SEROPOSITIVOS. Maputo, Quinta-Feira, 21 de Outubro de 2010:: Notícias . A HISTÓRIA que mais chama atenção na Casa do Gaiato é a do bebé que chegou com apenas dois dias de vida. Segundo contou a irmã Quitéria Torres, a mãe do menor morreu durante o parto num dos hospitais da capital do país. Como a família da falecida apresentou reservas em cuidar do bebé, alegando falta de condições, sobretudo de aleitamento, o menor foi doado à Casa do Gaiato. Gozando de boa saúde, hoje o bebé está com nove meses de idade e brinca normalmente com outras crianças. Outro ponto é que o lar dos desfavorecidos conta com 12 crianças seropositivas. Ao que apurámos, algumas estão em tratamento e outras ainda não iniciaram. Tudo indica que o contágio aconteceu durante a gestação. Para a nossa interlocutora, o facto delas serem seropositivas não altera em nada a rotina do lar, uma vez que o fenómeno é interpretado com muita naturalidade. “Ninguém as olha como seropositivas. Elas são pessoas normais e convivem sem qualquer discriminação com os “irmãos”. Aliás, uma das nossas aulas tem mesmo a ver com o HIV/SIDA e outras doenças, onde as crianças são ensinadas sobre o que devem e não devem fazer com relação a uma situação idêntica. Isto para dizer que não há risco de contaminação. Por exemplo, quando uma criança se fere e começa a sangrar todos sabem o que fazer numa situação igual de modo a socorrer o ferido. É aí que eles fazem de tudo para que não haja qualquer contacto sanguíneo. Mas, como disse, o importante é que ninguém olha para o outro como seropositivo. Todos são tratados da mesma maneira” – explicou. Jossias VitorinoJOSSIAS COMO EXEMPLO
Maputo, Quinta-Feira, 21 de Outubro de 2010:: Notícias . JOSSIAS Vitorino, seis anos de idade, é um exemplo clarividente de uma criança que tomou a decisão de virar as costas à vida de rua e procurar um lar substituto. Há dois meses o menor decidiu largar a vida de rua e juntar-se à família da Casa do Gaiato, depois de ter passado tantos meses a percorrer as avenidas da cidade do Maputo, à procura de um contentor de lixo de onde pudesse tirar algo para se alimentar. Cansado de viver de esmola, onde de dia deambulava na baixa e à noite refugiava-se nas barracas do bairro Trevo, no município da Matola, para dormia, Jossias tomou a decisão de largar tudo e voltar a uma vida normal. Ao que nos contou, abandonou a casa dos pais por causa dos maus tratos e decidiu se juntar a outros meninos de rua, vagueando pelas artérias da cidade das acácias, de contentor em contentor de lixo, à procura de algo para matar a fome. Num desses dias, ao que conta, quando estava em mais uma das suas acções com vista a garantir a sua sobrevivência, foi interpelado pela irmã Quitéria Torres, que o convidou a abandonar a vida que levava para se juntar à família da Casa do Gaiato. Mesmo desconfiado, aceitou o convite. “Tudo se passou numa sexta-feira. Combinámos que ela viria me buscar no domingo, isto porque ainda queria me despedir dos meus amigos. Realmente a irmã Quitéria apareceu e levou-me para a Casa do Gaiato. Gostei e decide ficar. Estou a quase um mês e não pretendo sair mais. Apelo aos meus amigos que ainda me mantêm na rua para que abandonem a vida de mendigos e se juntem a nós, pois aqui a vida é melhor que lá fora. Hoje já estudo e estou satisfeito, porque ando limpo, tomo banho, não vasculho mais os contentores de lixo, porque tenho o que comer. É aqui que quero continuar a viver e me preparar como Homem do amanhã” disse o menino ao nosso Jornal. Reforçando o apelo do menor, a irmã Quitéria Torres disse que é chegado o tempo dos que estão na rua recolherem aos mais diversos lares existentes, não se excluído a hipótese de regressarem às suas famílias verdadeiras. Segundo ela, os que tem poder de decisão sobre as crianças devem fazer de tudo para que elas sejam enquadradas em famílias substitutas para que voltem a alimentar o seu sonho.
PEDOFILIA? SEM REGISTO! Maputo, Quinta-Feira, 21 de Outubro de 2010:: Notícias . NOS últimos anos temos vindo a acompanhar um pouco por todo o mundo casos de pedofilia, onde as crianças acabam sendo molestadas por pessoas com acesso fácil à instituição. Não resistimos e quisemos saber da irmã Quitéria Torres se na Casa do Gaiato actos desta natureza não têm acontecido, ao que, numa resposta rápida, disse “não. “Felizmente ainda não reportámos qualquer caso desta natureza e espero que não aconteça nunca. Ainda não tivemos qualquer queixa por parte das crianças, assim como também nunca detectámos nenhuma situação estranha. A nossa aposta como centro educacional é fazer como que os meninos tenham uma educação sexual para que cresçam a saber o que fazer da sua vida. Temos aulas nesse sentido, com psicólogos a trabalhar connosco na educação das crianças. Felizmente todos eles estão a se comportar como deve ser, ou seja, guiando-se pelos princípios mais nobres da vida. É verdade que há coisas que nos escapam, mas nada tem a ver com pedofilia” – disse.Hélio Filimone" Fonte Jornal NOTICIAS.
NB: Esta meritória OBRA iniciada pelo Padre Américo em Penafiel, Portugal, é ainda uma positiva referência também por aquelas paragens, tive oportunidade de o testemunhar por várias visitas lá efectuadas com o apoio do Padre Carlos, desde a década 90.

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