segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CPLP: "NO ESPAÇO DA CPLP "HÁ TRÊS PONTOS FOCAIS COM MAIOR RELEVÂNCIA, PORTUGAL NA EUROPA, BRASIL NA AMÉRICA LATINA E ANGOLA EM ÁFRICA", AFIRMOU O PRIMEIRO MINISTRO PORTUGUÊS

"Relação Portugal-Angola é «uma aposta estratégica» . 2011-11-17 . Portugal «tem uma visão, não de curto prazo, mas de médio e longo prazo sobre a aliança estratégica» com Angola, afirmou o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho no final do seu encontro com o Presidente José Eduardo dos Santos, durante uma visita oficial a Angola. «A relação entre Portugal e Angola não é de agora, não é de oportunidade, traduz não apenas um relacionamento de excelência que vamos mantendo há muitos anos, mas também uma aposta estratégica que os nossos governos têm feito», afirmou o Primeiro-Ministro. No espaço da CPLP «há três pontos focais com maior relevância, Portugal na Europa, Brasil na América Latina e Angola em África». «Entre estes três países nós podemos ganhar muito se conseguirmos ter uma agenda estratégica comum», o que «será muito importante para todos os que estão no espaço da língua portuguesa», acrescentou. O objectivo da visita era preparar uma relação de ainda maior excelência e mais próxima e foi atingido: Portugal e Angola vão realizar uma cimeira sobre crescimento sustentável em 2013, para cuja preparação já foi nomeado um grupo de trabalho. «Fiquei muito sensibilizado pelo facto de o senhor Presidente ter aderido à essa nossa ideia de que essa cimeira bilateral subordinada ao lema do crescimento sustentável, poderá vir a ter lugar em 2013, em data e local a definir, mas que haverá desde já uma comissão que irá preparar os trabalhos dessa agenda», afirmou Pedro Passos Coelho na conferência de imprensa final com o Presidente da República de Angola. O Primeiro-Ministro afirmou que «aqueles que pensam que Portugal se volta agora para Angola ou para o Brasil porque atravessa um período económico de maiores dificuldades estão a confundir aquilo que é acessório daquilo que é estruturante e essencial», mas, acrescentou: «Fico muito sensibilizado com as palavras do senhor Presidente, que disse que tal como Portugal esteve nos momentos difíceis com Angola, também Angola está com Portugal neste momento mais difícil que atravessamos». Contudo, «a verdade é que o nosso relacionamento está muito mais para além das dificuldades». Na reunião foram também tratados assuntos económicos. Em entrevista à RTP1, no final da visita, o Primeiro-Ministro apontou o exemplo dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo: «nós temos, quer com Angola, quer com o Brasil, uma oportunidade muito grande» porque «Angola precisa nos próximos anos de adquirir um conjunto de navios que hoje os Estaleiros de Viana do Castelo têm toda a capacidade para produzir» e há também necessidades de «empresas com muito relevo no Brasil na área da Defesa» - «são essas parcerias que podem ser muito relevantes no futuro próximo». «É muito possível, por exemplo no âmbito dessa privatização [dos estaleiros], que capitais angolanos possam estar interessados em intervir nos Estaleiros e em fazer também uma empresa em Angola que possa trazer uma parte desse know how e fazer a transferência dessa tecnologia para Angola», acrescentou. O Primeiro-Ministro afirmou o «apreço que Portugal sente pelo caminho de consolidação das instituições democráticas que se vem realizando em Angola»: «Sabemos que a paz em Angola tem sido bem aproveitada. Há realmente uma diferença extraordinária de progresso e desenvolvimento que se observa». As eleições legislativas marcadas para 2012, deverão marcar um «novo ciclo» no qual «cada vez mais, os valores mais aprofundados de democracia enraizada poderão trazer progresso e desenvolvimento a todos os angolanos». O Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, afirmou que o seu país está «aberto e disponível para encontrar em conjunto soluções que sejam vantajosas para ambos os países, num espírito de solidariedade e de entreajuda». «É em momentos como estes que devemos fazer valer os trunfos de um relacionamento que não se funda apenas em meros interesses circunstanciais, mas que assenta em laços históricos de amizade, cooperação e mesmo consanguinidade». E afirmou também a necessidade de se elevar as relações bilaterais a «patamares de excelência, através do alargamento a novas áreas de cooperação e do cruzamento de novos investimentos tanto em Angola como em Portugal». "A presença crescente de cidadãos portugueses em Angola e de angolanos em Portugal, e o à vontade com que convivem e se integram, tanto num como noutro país, é revelador de quão enriquecedor esse fluxo, facilitado pelo recente acordo sobre a questão dos vistos, pode ser para ambos os países», acrescentou. O Primeiro-Ministro afirmou que Portugal está «aberto a considerar o alargamento da CPLP, a quem dê mostras de partilhar» os seus objectivos e princípios depois de o Presidente José Eduardo dos Santos ter manifestado apoio à entrada da Guiné Equatorial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, uma vez que «o país que está a dar passos firmes no sentido de cumprir com os critérios definidos pela organização e também as recomendações feitas na última cimeira da CPLP, por forma a que na próxima sessão, se assim todos o entenderem, possa adquirir o estatuto de Estado membro». conferência com empresários portugueses e angolanos, o Primeiro-Ministro afirmou que Portugal «olha com muita atenção o que se está a passar relativamente à política comercial angolana», pois é possível que Angola «no quadro da OMC [Organização Mundial de Comércio], possa ter necessidade de em alguns aspectos corrigir a sua pauta aduaneira» para as importações, de que uma nova versão entre em vigor a 1 de Janeiro de 2012. «Gostaríamos que isso pudesse ser feito sem estar a criar um problema adicional numa altura em que estamos a atravessar maiores dificuldades», afirmou o Primeiro-Ministro, acrescentando ter esperança «nalguma abertura, no que respeita aos exportadores portugueses», dando-lhes «algum tempo para que se pudessem ajustar a esse processo». Na sua visita a Angola, o Primeiro-Ministro referiu-se também a assuntos internos portugueses: Acerca da recomendação da troika para que as empresas privadas sigam a redução salarial do sector público, o Primeiro-Ministro afirmou que «o sector privado em Portugal também tem uma dívida que precisa de ser paga. As empresas portuguesas têm vindo a fazer este processo de ajustamento, que iniciaram até mais cedo do que o Estado português» e «já hoje há empresas que têm salários mais baixos que aqueles que existiram antes desta crise ter eclodido». «Se queremos ganhar competitividade, temos entre outros custos de contexto de atender também ao custo unitário do trabalho e, portanto, à moderação salarial. Mas esse é um processo que está em curso e o Estado não precisa de interferir de forma directa»." Portal do Governo de Portugal.

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