sábado, 1 de setembro de 2012

MOÇAMBIQUE E AS EMPRESAS PORTUGUESAS PERPECTIVA DE WWW.DINHEIROVIVO.PT

"Os quatro voos semanais da TAP chegam cheios. O país está na moda, mas nem tudo são vantagens - a começar no crédito

Empresas portuguesas em Moçambique duplicaram

Vista da baía de Maputo, onde todos os dias chegam centenas de portugueses
Vista da baía de Maputo
Paulo Barata
01/09/2012 | 00:00 | Dinheiro Vivo
Moçambique já é o sétimo destino de investimento direto português no estrangeiro; no ano passado era o 15.o. São 51,5 milhões de euros investidos, no primeiro semestre deste ano (em 2011 somou 74,7 milhões), por 2039 empresas, um número que quase duplicou nos últimos cinco anos - dados divulgados pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) ao Dinheiro Vivo. Apesar de um bilhete custar, em média, 1500 euros, os quatro voos semanais da TAP para Maputo, ao domingo, segunda, terça e quinta-feira, já são curtos para a quantidade de portugueses que chega diariamente a Moçambique. "Há cada vez mais passageiros, por isso duplicámos a frequência da rota antes do verão", confirma fonte oficial da TAP. A razão? "Angola já não é o Eldorado e, com o agravamento da crise, muitas empresas portuguesas viraram-se para aqui", diz Inaete Merali, presidente do Moza Banco - instituição moçambicana de que o BES África é o segundo maior acionista, com 21,1%. "Nos últimos 12 meses tem havido um aumento exponencial de entradas de empresas portuguesas em Moçambique e isso reflete-se também no sistema financeiro", com os pedidos de crédito a aumentarem.   A crescer cerca de 8% ao ano e com uma classe média que começa a ganhar poder de compra, "há entusiasmo em relação a Moçambique, e não é passageiro. É um entusiasmo seguro num país que também olha para Portugal como um mercado de oportunidades", garante o presidente da AICEP, Pedro Reis.  "É o país da moda", confirma o CEO da Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento (Sofid), Diogo Araújo. "Mas também porque o governo moçambicano soube aproveitar as oportunidades que surgiram, tornando-se muito competitivo". A crise dos pagamentos às construtoras em Angola, por exemplo, assustou muitas empresas, que decidiram virar-se para um mercado mais previsível, com regras mais definidas. "A perceção é de que em Moçambique se respira um ambiente favorável aos negócios. A estabilidade política, e uma gestão macroeconómica e financeira prudente têm permitido ao país obter reconhecimento por parte das instituições internacionais", concorda Pedro Reis.Nos primeiros seis meses do ano, Portugal vendeu mais 31% para o país africano do que de janeiro a junho do ano passado, com as exportações a atingirem 184 milhões de euros. "Há oportunidades sólidas e um clima favorável para as empresas portuguesas", diz o secretário de Estado da Economia, Almeida Henriques, que esta semana esteve na Feira Internacional de Maputo.A própria AICEP está a planear reforçar a sua presença com delegações no norte do país, onde estão as explorações de minério, a quarta maior reserva de gás natural do mundo e um potencial turístico considerável. "Moçambique foi, é, e continuará a ser um parceiro essencial. E é um mercado de aposta para as empresas portuguesas, como se verifica por investimentos" como o da Portucel, diz Pedro Reis. A empresa prevê investir 2,3 mil milhões de dólares até 2025, criando 7500 empregos diretos em produção florestal, de energia e pasta de papel.  Energia e infraestruturas são áreas especialmente atrativas, mas há oportunidades de negócio em quase todos os sectores, incluindo agricultura, saúde e educação, consultoria e novas tecnologias de informação e comunicação. "Porém, é errado pensar que Moçambique serve para todos", alerta Diogo Araújo. "Se um empresário está em dificuldades em Portugal, o pior que pode fazer é ir para lá, até porque, para se lançar, precisa de ter uma almofada financeira para sustentar a empresa, pagar salários, etc., até começar a ter retorno." Depender do crédito local é meio caminho andado para as coisas darem para o torto. Apesar de o metical estar entre as moedas africanas mais fortes, "a taxa de juro final para as empresas é superior a 20%", diz o CEO da Sofid, que acredita que o Banco de Moçambique terá de rever a taxa diretora - agora nos 11,5%.  "O sector financeiro moçambicano é muito saudável e líquido, mas os juros são altos", confirma o presidente do Moza Banco. Mais aconselhável é os investidores terem o crédito aprovado em Portugal, ou pelo menos levar daqui as garantias.Inaete Merali confirma a chegada de muitas PME portuguesas a Maputo, principalmente construtoras, mas diz que o país também atrai mão-de-obra qualificada. "Há muita falta de especialistas, o que constitui um grande potencial a explorar por jovens profissionais", numa altura em que se antecipam grandes investimentos - com efeitos em toda a economia. Moçambique tem muito potencial, mas é essencial "que as empresas que queiram ir para lá encarem o mercado como uma aposta de longo prazo", idealmente estabelecendo parcerias locais, conclui Pedro Reis.
Até junho, Portugal vendeu mais 31% para Moçambique do que em 2011. Cada vez mais portugueses estão a investir no país" FONTE www.dinheirovivo.pt

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