sexta-feira, 2 de novembro de 2012

AQUACULTURA EM MOÇAMBIQUE ALTERNATIVA À GRANDE PROCURA DE MARISCO


"Aquacultura alternativa aos mariscos naturais


As autoridades moçambicanas estão a fomentar a prática de aquacultura no país, uma medida que visa fazer face à crescente procura de produtos pesqueiros naturais, numa altura em que a sua exploração está no limite máximo.Maputo, Sexta-Feira, 2 de Novembro de 2012:: Notícias
Até agora, a aquacultura é uma actividade pouco conhecida em Moçambique e até 2011 empregava apenas 1457 trabalhadores, de acordo com o relatório do Instituto Nacional de Desenvolvimento de Aquacultura (INAQUA), uma instituição criada pelo Governo para fomentar projectos dessa área.
O documento indica que a produção de aquacultura/piscicultura evoluiu de 400 toneladas em 2008 para 796 toneladas no ano passado, uma quantidade correspondente a cerca de 0,3 por cento em relação à actual produção pesqueira do país.Falando a jornalistas durante uma visita aos projectos de piscicultura na província de Gaza, o director adjunto do INAQUA, José Halafo, disse que a prática desta actividade no país está a crescer paulatinamente.“Estamos a implementar um programa de massificação de aquacultura e neste primeiro ano os resultados são encorajadores”, disse Halafo, apontando haver crescimento no número de tanques piscícolas, estimando-se agora em cerca de 10 mil.Segundo ele, o INAQUA está também a sensibilizar os piscicultores para redimensionarem os seus tanques de modo a terem dimensões de 500 metros quadrados, medida que os técnicos consideram ideal para garantir maiores rendimentos da actividade.Actualmente, os tanques existentes possuem diversas medidas, muitos dos quais pequenos e os rendimentos de muitos piscicultores são baixo. Muito recentemente, o rendimento situou-se a uma média de 30 quilogramas em cada ciclo de produção de oito meses.Halafo disse que a sua instituição está a trabalhar de modo a ultrapassar-se os actuais níveis de produção, devendo atingir mil toneladas em 2014 e duas mil toneladas em 2019, conforme estabelecem as metas do plano-director desta actividade.Contudo, para se alcançar essa meta é preciso um trabalho árduo não só na mobilização de mais moçambicanos a praticarem aquacultura, mas também na melhoria do desempenho dos piscicultores espalhados pelo país. No terreno, cada caso é um caso; havendo piscicultores com bons resultados e outros que ainda enfrentam muitas dificuldades para tornar esta actividade num negócio rentável e atractivo.

Casos de sucesso


Maputo, Sexta-Feira, 2 de Novembro de 2012:: Notícias O relatório do INAQUA refere que Moçambique tem potencialidades agro-ecológicas que permitem o desenvolvimento da aquacultura, destacando-se o facto de o país possuir uma linha da costa com mais de 2700 quilómetros, além de diversos rios, lagoas, barragens, entre outros recursos.Em Gaza, concretamente no distrito de Chókwè, há pessoas e instituições que conseguem aproveitar essas potencialidades para desenvolver a piscicultura de uma forma comercial.No recinto da Estação Agrária de Chókwè, o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) está a desenvolver o que chama Agri-piscicultura, que é uma combinação da agricultura, pecuária e piscicultura.Trata-se de um projecto comercial, em que se aplicou um investimento de três milhões de meticais (cerca de 107 mil dólares norte-americanos) na construção de três tanques (de um hectare cada) e aquisição de 50 mil alvinos para a prática de piscicultura e construção de capoeiras para a criação de frangos. A instituição ainda precisa de 1,5 milhão para investimentos noutras actividades.Nessa combinação, dos frangos retiram-se os excrementos para utilizar na produção de lentilha, uma planta que é usada para a produção da ração que, por sua vez, é utilizada como alimento para os alvinos e os frangos. A água dos tanques de piscicultura – rica em nutrientes – quando substituída, é usada para regar hortícolas.“Em termos de receitas, esperamos ter dois milhões de meticais (em piscicultura) em cada seis meses”, disse Zacarias Massango, do IIAM, acrescentando que “mas como é uma actividade integrada, também teremos rendimentos na agricultura e na pecuária”.Esta é a primeira experiência do IIAM na prática de piscicultura ou a sua ligação com a agricultura e a pecuária e, segundo Massango, o objectivo é aprofundar os estudos e traçar recomendações para garantir a transferência dessas tecnologias para os produtores.Outra instituição que abraçou esta actividade é o Instituto Superior Politécnico de Gaza (ISPG), que desenvolve a piscicultura em seis tanques, como uma actividade comercial, mas também como parte de aulas práticas dos estudantes do curso de Zootecnia.Segundo o director do Centro de Incubação de Empresas no ISPG, António Sefane, a sua instituição investiu 2,2 milhões de meticais na reabilitação de tanques que haviam sido usados há décadas, vedação do recinto, aquisição de 52 mil alvinos e em rações.“Esperamos ter peixe com peso mínimo de 300 gramas, o que significa que poderemos colher 10/11 toneladas até Dezembro”, explicou a fonte, sublinhando que as contas feitas indicam que essa actividade é rentável.A simples presença destes projectos em Chókwè está já a estimular a população local a apostar nesta actividade. Este é o caso do jovem Rafael Massema, um agricultor que requereu terra ao Governo para praticar a piscicultura, estando agora na fase da construção de dois tanques dos oito almejados.Antigo trabalhador na vizinha África do Sul, Massema não pediu nenhum financiamento para investir no seu projecto, tendo apenas recorrido à venda de parte das suas cabeças de gado bovino. “Cada dia, o tractor que uso na construção dos tanques consome quase 200 litros de combustível”, disse ele, acrescentando que, desde que embarcou nessa aventura, já investiu 120 mil meticais.Muhamud Matsinhe, da AIM" Fonte Jornal NOTICIAS.

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