sábado, 13 de agosto de 2016

PAZ EM MOÇAMBIQUE: MEDIADORES VÃO À GORONGOSA

REINA em Manica uma enorme expectativa em torno da visita que o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, vai efectuar a este ponto do país, ido da província de Inhambane, no prosseguimento da sua agenda de trabalho.
Durante a sua estada em Manica, irá escalar, sucessivamente, os distritos de Mossurize,  Macossa, Macate e Vandúzi.
Dados do Governo provincial, em nosso poder, indicam que o Presidente da República deverá orientar comícios populares nas sedes dos quatro distritos, visitar e proceder a inaugurações de empreendimentos económicos e sociais e reunir-se com os governos locais para medir o seu pulsar e o nível de cumprimento das metas definidas para o anterior e o presente ano económico.
À sua chegada em Espungabera, para além de orientar um comício popular na vila-sede distrital, o Chefe do Estado inaugura o novo sistema de abastecimento de água e vai orientar a sessão extraordinária do Governo provincial de Manica, na qual o governador Alberto Mondlane irá apresentar um informe circunstanciado sobre os diversos aspectos da vida política, económica e social da província que dirige.
O Presidente da República trabalhará nos próximos dias nos distritos de Macossa e Vandúzi, onde vai orientar comícios populares, visitar feiras de produtos agro-pecuários e artesanais, os campos de produção e a fábrica de agro-processamento da Companhia de Vandúzi, plantar árvores e inaugurar, na sede do primeiro distrito, o edifício onde vai funcionar a secretaria distrital.  
A Companhia de Vandúzi produz e exporta para Europa, especialmente para o Reino Unido, diversos produtos agrícolas, incluindo baby corn, piripiri e hortícolas. Enquanto isto, no Distrito de Macate, última etapa da sua visita presidencial, o Chefe do Estado visita, em Zémbe, a empresa Westfállia, vocacionada na produção e exportação de abacate e litch para Europa e Ásia, antes de inaugurar uma nova escola secundária na sede distrital.
Em termos preparativos, fonte do Governo provincial de Manica assegurou que tudo está a postos para a recepção e trabalho condignos do Chefe do Estado. Aliás, conforme testemunhou a nossa Reportagem, todos os locais alvos da visita presidencial já estão engalanados. Dísticos e outro material de propaganda enaltecendo a figura e as obras de Filipe Nyusi foram afixados nas sedes distritais, localidades, postos administrativos e noutros locais que vão acolher a visita do mais alto magistrado da nação moçambicana.
PROVÍNCIA RICA
Situada na região central do país, Manica possui um enorme potencial na produção agro-pecuária que, para além do consumo interno, contribui para o volume das exportações nacionais. Para além do sector familiar, Manica é destino privilegiado de vários e importantes empreendimentos nacionais e estrangeiros, ocupando um lugar de destaque na produção de cereais, leguminosas, frutas e outras culturas alimentares e não alimentares, que incluem soja, girassol, gergelim, trigo, tabaco e algodão.
Os sinais de que Manica está a crescer são visíveis. Em todos os sectores de actividade despontam progressos que se reflectem nos altos índices de desenvolvimento humano que a província está a registar.
Embora não haja dados actualizados sobre esta matéria, um olhar sobre Manica permite concluir que a pobreza nesta província está, a pouco e pouco, passando para a história.
A evolução que se regista no sector dos transportes, vias de acesso e construções e os empreendimentos que são erguidos um pouco por toda a província, evidenciam os grandes esforços que estão a ser realizados com vista ao combate à pobreza, estando a baixar significativamente o número de famílias absolutamente pobres.
Com mais de um milhão e 600 mil habitantes e com uma superfície de 61.661 quilómetros quadrados, Manica é potencial na produção agro-pecuária, daí que estão, paulatinamente, a reduzir os índices de indigência, embora prevaleçam situações de desnutrição crónica que, paradoxalmente, se assistem numa província potencialmente produtora de alimentos diversos.
PAZ E SEGURANÇA: PRINCIPAL ANSEIO
Apesar dos sucessos que estão sendo alcançados em vários domínios, enormes desafios ainda se impõem ao Governo de Manica. O binómio paz e segurança continua a ser um grande empecilho ao projecto colectivo de desenvolvimento da província.
Os ataques perpetrados por homens armados da Renamo, que matam e ferem pessoas inocentes e destroem propriedades públicas e privadas, incluindo meios de transporte pertencentes a singulares nacionais e estrangeiros, a dependência de escoltas militares para aceder, por exemplo, os distritos de Báruè, Guro, Macossa e Tambara, são alguns dos principais problemas com que o Executivo de Manica e as populações locais se debatem.
Como consequência desta situação, aliada à conjuntura económica global, o custo de vida subiu exponencialmente ao nível da província, onde os produtos de primeira necessidade, e sobretudo alimentares, duplicaram de preço nos últimos seis meses, criando graves transtornos à economia das famílias, que também sofreram dos efeitos negativos da seca e estiagem que atingiram, sobretudo, os distritos de Macossa, Guro, Tambara, Machaze e parte de Mossurize.
Por isso, nos encontros populares o Chefe do Estado deverá ser confrontado com a imperiosa necessidade de resgatar a paz aos moçambicanos, fazendo tudo o que estiver ao seu alcance para pôr fim à tensão militar que se instalou e continua a dilacerar o país, com um saldo negativo de mortes, ferimentos e destruições que colocam as populações locais numa situação de pânico, desespero e insegurança generalizada.
O actual cenário político impacta negativamente na economia nacional e na província de Manica em particular, tendo como rosto visível da situação o elevado custo de vida, que provocou uma subida a dobrar dos preços dos produtos de primeira necessidade, entre alimentares e não alimentares, facto agravado pela inflação e as consequências nefastas da seca e estiagem que afectaram alguns distritos, deixando milhares de pessoas na penúria alimentar.
Por outro lado, a maioria da população da província não tem acesso à água potável, sobretudo nas zonas rurais, onde parte considerável bebe água extraída em poços tradicionais, sem bombas. Pessoas há que continuam a consumir água dos rios, lagoas e lagos, embora 15, 6 por cento da população se beneficie da água dos fontanários públicos.
O desemprego, que afecta sobretudo a maioria jovem, constitui outro desafio sobre o qual o Executivo de Manica tem estado a intervir, através de programas como o Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), Fundo de Combate à Pobreza Urbana (FERPU) e ainda com as iniciativas de empoderamento da juventude, lideradas pelo sector da Juventude e Desportos.
O FDD tem sido considerado uma importante iniciativa de alavancamento da economia familiar e de distribuição do rendimento nacional, estando a ser executados milhares de projectos destinados à produção de alimentos, geração de renda, criação de emprego e serviços diversos.
Perante este quadro, o governador de Manica tem estado a afirmar que os problemas prevalecentes resultam da conjuntura global, da pobreza e da tensão política e que são um desafio a enfrentar, defendendo que tudo tem vindo a ser feito no sentido de minimizar os índices de indigência na província e preservação da paz, da unidade nacional e garantir a convivência sã e harmoniosa entre moçambicanos.
Sobre o desempenho do Governo e o comportamento das estatísticas de desenvolvimento humano, Mondlane reiterou orgulhar-se em saber que a qualidade de vida da população da província tem vindo a melhorar ano após ano, apelando a todos para o combate cerrado contra a pobreza e a redução do impacto negativo deste fenómeno no desenvolvimento humano e social da província.
Segundo afirmou, apesar dos constrangimentos e das ameaças à paz que têm sido perpetradas pela Renamo, a província está a dar passos significativos, sendo visíveis os sinais de progresso em vários domínios, mercê do esforço conjugado das populações, dos agentes económicos e das autoridades governamentais a vários níveis e de todos os actores da sociedade civil na província.

DHLAKAMA DEVE DEIXAR A MATA
O “Notícias” saiu à rua para colher as opiniões de populares em torno da visita que o Chefe do Estado efectua à província, tendo ficado a saber que ela se reveste de importância vital se incidir sobre a paz, elemento considerado essencial para o desenvolvimento e estabilidade política, macro-económica e social do país e de Manica em particular.
Os nossos entrevistados defenderam que a agenda da paz deve ser colocada acima de todas as prioridades no discurso do Presidente da República, porque consideram que ela é o princípio e o fim de tudo.
“Podemos trabalhar muito, falar muito e bem, desenhar muitos e brilhantes projectos e elaborar planos ambiciosos de desenvolvimento económico e social, porém sem a paz tudo isso será letra morta, nada poderá florescer em ambiente de guerra e perante o troar das armas”, disse Eugénio Manuel, automobilista que faz a rota Chimoio/Guro, quando instado a comentar a propósito do que gostaria de ouvir na mensagem de Filipe Nyusi à população da província de Manica.
Para aquele cidadão, um misto de factores inquietam os moçambicanos, mas o mais importante é a tensão militar. Se a conjuntura económica global tem influência desastrosa na economia do país, o que dizer dos efeitos nefastos do conflito militar que mata, fere, destrói, cria pânico, desestabilização e impede a livre circulação de pessoas e bens, sobretudo das mercadorias, disse.
Na sua opinião, a guerra é mais perigosa que a pobreza económica e financeira.
“Não podemos recuperar a nossa economia e voltarmos a sorrir no contexto das nações, se não acabarmos com as diferenças que nos dividem, que nos empurram para a guerra. Se os moçambicanos não resgatarem a paz e conquistarem o respeito mútuo e sobretudo o respeito pela vida e pela dignidade humana, nada mais lhes sobrará senão continuarem a afundar”, afirmou.
Por isso, Eugénio Manuel e outros entrevistados são de opinião que o Governo, em especial o Presidente da República, deve acelerar os esforços visando pôr fim às hostilidades militares que continuam a ceifar vidas e a destruir e derrapar a economia nacional.
“Queremos que, o mais cedo possível, seja alcançado um acordo de cessação da hostilidades, devendo o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, sair das matas e juntar-se a todos que noite e dia trabalham pelo desenvolvimento do país”, apelaram."
FONTE: NOTICIAS, JORNAL DE MOÇAMBIQUUE


EVITAR DERRAMAMENTO DE SANGUE
O derramamento de sangue inocente deve ser evitado por todo o político que se preze e que luta pela conquista do poder, segundo afirmou Joaquim Hilário, empreendedor, que defendeu que quem governa o faz ao serviço do povo e não mata esse mesmo povo a quem serve.
“Quando a Renamo mata civis, pessoas inocentes, que mensagem pretende transmitir ao povo moçambicano? Estará, assim, a lutar contra o sistema ou a aterrorizar a própria população que o votou nas províncias onde alega ter vencido as eleições?”, questionou.
O interlocutor disse ser paradoxal que a Renamo tenha concentrado as suas incursões militares e matar pessoas nas províncias que reivindica governar.
Por isso, considera ser urgente e imperioso a cessação das hostilidades militares.
“Esta é a nossa maior preocupação. O chefe do Estado não deve cansar em consciencializar Afonso Dhlakama para abandonar o terrorismo. A meta nesta agenda deve ser o fim do conflito e a reconciliação plena dos moçambicanos”, afirmou, indicando que os seus negócios estão em queda pela desvalorização do metical.
A fonte disse que o diálogo deve ser franco, aberto e objectivo, com vista a  ultrapassarem-se todas as diferenças existentes entre as partes e restabelecer-se uma paz efectiva e duradoira no país

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